Este é o Termômetro da COP30, edição #DIA 3, um boletim com o essencial que você precisa saber sobre a Conferência do Clima em Belém, a primeira na Amazônia!

Neste terceiro dia, veja em 7 tópicos o que movimentou as negociações, os bastidores e as curiosidades da cúpula.

Na edição de hoje, te contamos como um protesto surpreendeu a segurança da conferência, por que a Arábia Saudita virou símbolo de impasse nas negociações e como a China entrou no centro das discussões climáticas.

1 – Em alta X em baixa

  • EM ALTA: 🌱 A conversa sobre transição justa esquentou em Belém. Países de diferentes blocos se aproximaram da ideia de criar um mecanismo global para garantir que a mudança para uma economia de baixo carbono aconteça de forma inclusiva. Na prática, o debate é sobre como fazer essa virada sem deixar ninguém pra trás, apoiando trabalhadores, comunidades e países que ainda dependem de setores poluentes. A proposta empolgou as delegações e virou uma das pautas mais vivas da COP30.
  • EM BAIXA: 🛢️A Arábia Saudita, por outro lado, virou o principal obstáculo nas negociações sobre o plano para outro tipo de transição: a transição energética. O país, que depende do petróleo, vem bloqueando qualquer tentativa de incluir novas metas para reduzir o uso de combustíveis fósseis. Como tudo na COP precisa de consenso, a resistência saudita pode travar um dos principais resultados esperados da conferência.

O motivo é um combo poderoso: mais energia solar eólica e menos gasolina e diesel. As placas solares estão se multiplicando pelo país e a venda de carros elétricos está em alta.

Só a geração solar cresceu 46% e a eólica 11%, o que fez com que quase todo o crescimento no consumo de energia fosse coberto por fontes limpas. Desde janeiro, o país já adicionou 240 gigawatts de energia solar 61 de eólica, um novo recorde global.

 

Se esse ritmo continuar até dezembro, a China pode fechar 2025 com uma leve queda nas emissões, pequena em números, mas importante por sinalizar o começo de uma virada.

“A China entende [a transição verde] melhor do que qualquer outro. Ele [Trump] está cedendo a liderança para a China. O presidente Xi está vibrando”, disparou o governador da Califórnia, Gavin Newsom em entrevista ao blog da Andréia Sadi durante a COP (leia a reportagem).

 

3 – Traduz aí, g1

 

O QUE É MITIGAÇÃO? Mitigação é aquele palavrão que, no fundo, quer dizer algo simples: atacar o problema pela raiz. É reduzir as emissões de gases de efeito estufa, proteger florestas, investir em energia limpa e, claro, diminuir a dependência dos combustíveis fósseis.

Na COP30, essa ideia se conecta ao chamado mapa do caminho, o plano que o Brasil tenta costurar pra mostrar quem faz o quê, até quando e com quais recursos pra frear a crise climática.

Mas tem pedra no caminho desse mapa: justamente a Arábia Saudita, gigante do petróleo, que está se opondo a novas metas e tentando travar o debate para longe dos combustíveis fósseis. Como tudo na COP precisa de consenso, um só “não” pode riscar o mapa inteiro.

4 – Ponto de tensão do dia: o 1º teste da presidência brasileira

 

A presidência da COP30 tem até esta quarta-feira (12) para resolver o primeiro impasse das negociações: o que fazer com quatro temas sensíveis que ficaram fora da agenda oficial.

o Brasil decidiu tirar esses assuntos da plenária principal e tratar cada um em consultas separadas. O pacote inclui financiamento climáticocomércio internacionallacuna de ambição das metas climáticas e relatórios de implementação, quatro pontos que, na prática, se cruzam.

Segundo Stela Herschmann, especialista em política climática do Observatório do Clima, a ideia é buscar uma saída conjunta:

Esses assuntos são vários lados da mesma moeda. O que parece que está sendo pensado é um pacote que consiga reunir esses aspectos difíceis e pensar um encaminhamento comum para eles.

O tradicional “Fóssil do Dia” da COP, aquele prêmio organizado paralelamente por ambientalistas e que normalmente ironiza países que atrapalham as negociações do clima, teve uma reviravolta nesse segundo dia de cúpula. Em vez de apontar um vilão, o destaque foi positivo: o “Raio do Dia” foi para o G77+China, grupo que representa 134 países em desenvolvimento.

Eles foram reconhecidos justamente por defender a criação de um mecanismo global de transição justa dentro da ONU, uma forma de garantir que a mudança para uma economia de baixo carbono aconteça de modo mais justo, sem deixar ninguém para trás nem aumentar dívidas de países pobres.

A negociação de transição justa está entre as principais expectativas para essa COP. Tal negociação tem potencial para tratar da grande questão que preocupa muitos países, que é o medo de que a transição para uma economia de baixo carbono prejudique suas economias e aprofunde desigualdades sociais”, diz a especialista em política internacional do Greenpeace Brasil, Camila Jardim.

 

Segundo a rede Climate Action Network, que organiza as premiações diárias, a proposta do grupo foi um “sopro de liderança” num momento em que muitas negociações ainda patinam. A ideia é fortalecer o diálogo entre governos, trabalhadores e comunidades afetadas, e colocar as pessoas, não os lucros, no centro da ação climática

A negociação de transição justa está entre as principais expectativas para essa COP. Tal negociação tem potencial para tratar da grande questão que preocupa muitos países, que é o medo de que a transição para uma economia de baixo carbono prejudique suas economias e aprofunde desigualdades sociais”, diz a especialista em política internacional do Greenpeace Brasil, Camila Jardim.

 

*Fonte – G1