A Prefeitura de Manaus inaugurou, nesta quinta-feira, 16/5, a Base Fluvial de Endemias Enfermeiro Adenilson dos Santos Torres. Atracada na marina do Davi, na zona Oeste, a unidade dará suporte ao trabalho de controle de endemias realizado pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) nas 74 comunidades, lagos e igarapés distribuídos em mais de 200 quilômetros das calhas dos rios Negro e Amazonas, nos limites da capital. Na região, vivem aproximadamente 8 mil pessoas expostas ao risco de doenças endêmicas, especialmente a malária, prevalentes em áreas de rio e floresta.

A nova base substitui a antiga estrutura, já sem capacidade de funcionamento adequado, e vai garantir o fortalecimento das atividades de vigilância em saúde na área fluvial em condições de conforto e segurança para os agentes de saúde e servidores de funções administrativas e operacionais.

“Essa unidade tem 392 metros quadrados sobre uma plataforma própria e passa a ser uma referência para o Brasil”, disse a titular da Semsa, Shádia Fraxe. A secretária afirmou que a nova estrutura leva dignidade para os que atuam na saúde rural do município. “O prefeito David Almeida teve a sensibilidade de mudar a realidade dos nossos servidores, permitindo que construíssemos um espaço amplo, completo e que em nada lembra a precariedade da base anterior”.

A unidade fluvial vai funcionar como marina para 11 embarcações utilizadas pelos agentes da Semsa nas viagens às comunidades da região assistida, onde são realizados os trabalhos de prevenção e tratamento de endemias, incluindo busca ativa de pessoas infectadas, coleta de lâmina para diagnóstico e entrega e supervisão de medicamentos.

O diretor do Distrito de Saúde (Disa) Rural, Rubens Souza, destacou que a saúde pública rural tem desafios extras, como as longas distâncias, as cheias e vazantes, e as condições naturais e demográficas que dificultam a ida dos agentes até os usuários. “Essa base veio para facilitar o trabalho específico do controle de endemias e para melhorar a oferta dos nossos serviços aos ribeirinhos nas nossas calhas de rio”.

Construída com recursos próprios do município, no valor de 2 milhões de reais, a nova base flutuante conta com ambientes destinados às atividades administrativas, de controle fluvial e de controle de endemias, divididos entre recepção, copa, depósito de material de limpeza, escritório, dois almoxarifados, duas salas administrativas e um laboratório.

“Trabalho no controle de endemias há 30 anos e nunca pensei que teríamos uma base dessas. “É um luxo”, disse o supervisor de endemias Maurício Genuíno Ferreira. “Deu vontade de chorar”.

Assim como os servidores, a comunidade atendida pela Semsa também será beneficiada com a inauguração do novo espaço. A líder da comunidade Jefferson Peres, localizada no lago Tarumã-Açu, Valdeilza Lopes, citou as dificuldades enfrentadas pelos profissionais de saúde para alcançar os pacientes e disse que base recém-inaugurada “é um sonho realizado”, e representa um avanço no dia a dia dos agentes que visitam as comunidades do entorno. “A palavra é gratidão”.

Para o coordenador do Centro Cultural União dos Povos Indígenas do Tarumã, cacique Astério Baré, que também esteve na inauguração da nova estrutura, gratidão também é o sentimento. “Em nome do povo indígena e do povo branco, queremos agradecer ao prefeito e às equipes que fazem esse trabalho com seriedade por mais essa história, por mais essa página que está sendo virada no município de Manaus. Isso é inédito”.

Alcance

O trabalho de controle de endemias na área fluvial é feito nas calhas dos rios Negro e Amazonas, nos limites do município de Manaus. No Rio Amazonas, são atendidas 34 comunidades, lagos e igarapés distribuídos em 120 quilômetros de extensão – entre a Marina do Davi e o lago do Arumã -, onde reside uma população de 4.380 pessoas.