Um dos principais gasodutos ligando a Rússia à Europa e seu irmão gêmeo, ainda não em operação, sofreram “danos sem precedentes” e apresentam vazamentos. O Kremlin não descarta sabotagem e se disse “extremamente preocupado”, enquanto o governo da Dinamarca afirma ser difícil acreditar em coincidências

Os vazamentos subaquáticos foram detectados pelas autoridades marítimas suecas e dinamarquesas, que avaliaram a gravidade, e confirmados depois pela Rússia. Eles afetam os ramais Nord Stream 1 e 2, símbolos da integração energética entre europeus e russos que agora está no centro de uma crise devido à invasão promovida por Vladimir Putin na Ucrânia.

Imagens feitas por um caça F-16 dinamarquês mostram uma grande área com bolhas na superfície do mar Báltico. Segundo o centro alemão de sismologia GFZ, houve duas perturbações fortes na região a partir das 2h (21h de segunda em Brasília), seguidas por um padrão compatível com o de vazamento contínuo sob a água. O órgão não comentou se isso indicaria explosões

O Nord Stream 1 opera desde 2011, ligando diretamente Rússia e Alemanha sob o Báltico. Ele e seu irmão integravam o plano de Putin de desviar o trânsito do gás —que abastecia até 40% das necessidades da União Europeia até a guerra— do território da Ucrânia.

Por lá segue passando o produto russo, mesmo com a guerra, por dois antigos gasodutos soviéticos, o Irmandade e o União, que têm capacidade conjunta de enviar até 156 bilhões de metros cúbicos de gás por ano. O Nord Stream 1 adicionou um potencial de 55 bilhões de metros cúbicos e transitava por seus dutos 60% do produto comprado pelos alemães, mas desde junho só está operando a até 25% de sua capacidade.

Os russos alegaram problemas técnicos devidos às sanções ocidentais, como a falta de uma turbina de compressão em conserto no Canadá. Parte significativa das punições impostas a Moscou devido à Guerra da Ucrânia é na área tecnológica.

A Europa e os EUA acusam Putin de transformar sua dependência do gás russo em uma arma, com cortes no fornecimento a países que se recusaram a pagar em rublos, manobra para fortalecer a moeda de Moscou. O presidente russo nega, mas já disse que pode religar o Nord Stream 1 “com o apertar de um botão”. A carta do gás é uma das mais poderosas que tem, e seu antigo maior cliente, a Alemanha, fechou um acordo com os Emirados Árabes Unidos no fim de semana para tentar mitigar um pouco a questão.

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