Os presidentes de Rússia e Estados UnidosVladimir Putin e Joe Biden, elogiaram o encontro que tiveram nesta quarta-feira (16) em Genebra, na Suíça — a primeira reunião entre os dois mandatários, que disseram que as conversas foram “construtivas”.

Apesar disso, tanto Putin quanto Biden avaliaram que ainda há algum grau de distanciamento entre o Kremlin e a Casa Branca: eles não se convidaram para visitas mútuas e evitaram falar em “confiança” entre os dois líderes. Em declarações, ambos deram sinais de que retaliações podem ocorrer caso a relação se deteriore.

Depois do encontro, Biden e Putin concederam entrevistas coletivas separadamente. Ambos abordaram os seguintes temas:

  • armas nucleares
  • segurança cibernética
  • crises diplomáticas recentes
  • direitos humanos
  • futuro das relações entre EUA e Rússia

Putin defendeu que as duas potências países são responsáveis ​​por garantir a estabilidade estratégica nuclear mundial e disse que seu governo começará uma série de discussões com Washington para a proposta de possíveis melhorias no tratado New START sobre armas nucleares.

Da mesma forma, Biden disse que conversou com Putin sobre estratégias para evitar a volta da nuclearização e rechaçou a tese de que há em curso uma nova Guerra Fria — período de tensão entre EUA e a então União Soviética, que durou entre 1946 e 1991

O presidente americano também afirmou que a relação entre EUA e Rússia “precisa ser estável e previsível”, mas disse que os americanos vão reagir a ameaças, como por exemplo, ciberataques.

O New START (Novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas) foi assinado em 2010, limita o número de ogivas nucleares estratégicas, mísseis e bombardeiros que as duas potências podem usar foi recentemente ampliado.

No ano passado, o governo de Donald Trump rejeitou a proposta russa de prorrogar o tratado por um ano. Após assumir, o novo presidente dos EUA, Joe Biden, declarou a intenção de prorrogá-lo — e a Rússia afirmou que o gesto era bem-vindo.

Os dois países também adotaram uma declaração conjunta, reafirmando seu compromisso com o princípio “de que não pode haver vencedores em uma guerra nuclear e que ela nunca deve ser travada”, segundo o site oficial do governo russo.

Putin, o primeiro a falar a jornalistas relatou que o tema da Ucrânia também foi discutidoO presidente russo reiterou que, durante toda a reunião, não houve nenhum momento de hostilidade e que ambos mostraram o desejo de se entender.

O mandatário russo também falou sobre o destino de seu principal opositor Alexei Navalny, preso ao retornar ao país: “Ele sabia que estava infringindo as leis russas”. A prisão do ativista foi um dos pontos de tensão da Rússia com o Ocidente neste ano, e Putin defendeu a detenção.

Embora reconheçam a importância da aproximação e da cúpula como um primeiro passo, nenhum dos lados nutre grandes expectativas de resultados efetivos para o encontro de Genebra.

“Não estou certo de que se chegará a qualquer acordo. Vejo esta reunião com otimismo prático”, disse o assessor de política externa de Putin, Yuri Ushakov, que falou a jornalistas na terça-feira.

Opinião parecida foi emitida pela Casa Branca, que afirmou não esperar grandes anúncios, mas que as relações a longo prazo entre os países sejam mais “estáveis e previsíveis” após Genebra.

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/06/16/biden-e-putin-apos-reuniao-em-genebra.ghtml