A noite de sexta-feira (25/07) marcou o início das apresentações dos bois-bumbás da Categoria Ouro no Sambódromo de Manaus, dentro da programação do 67º Festival Folclórico do Amazonas. A abertura do novo palco da festa folclórica do Estado foi marcada pela energia contagiante das toadas e pela força simbólica dos bois Galante, Clamor de Um Povo e Tira Prosa, que encantaram o público com apresentações que atravessaram a madrugada.

Os três primeiros bois apresentaram espetáculos distintos, exaltando a ancestralidade amazônica, os elementos da natureza e o sentimento de pertencimento aos povos da floresta.

Boi-bumbá Clamor de Um Povo

Com o tema “Misticismos dos Pássaros”, o boi aurinegro de Manaus apostou em uma narrativa dividida entre o momento tribal e o momento folclórico, totalizando 22 itens apresentados na arena. Inspirado nos mistérios da espiritualidade, o grupo trouxe à cena o simbolismo dos pássaros, seres que, por possuírem asas e voar entre o céu e a terra, são tradicionalmente considerados mensageiros espirituais. Na mitologia e nas tradições indígenas, os pássaros representam a alma, a sabedoria, a liberdade, a inteligência e o divino.

Com um figurino de impacto e coreografias vigorosas, o Clamor de Um Povo levou ao público uma experiência sensorial pautada pela fé, pela ancestralidade e pela conexão com os elementos naturais.

O tripa Diego Sant, falou sobre a expectativa para o momento antes da apresentação. “Estou nervoso, mas muito confiante. Sei o que vim fazer na arena, estou preparado. A gente ensaiou, a galera está unida e a gente está aqui para animar a torcida”, afirmou.

Boi-bumbá Tira Prosa

Fundado em 1945, o Boi Tira Prosa levou ao Sambódromo um espetáculo profundamente conectado às raízes da floresta e à tradição espiritual amazônica. Com o tema “Amazônia Mãe”, o grupo propôs uma reflexão sobre o ventre da vida, o sagrado feminino da natureza e a luta diária dos povos que nela habitam.

A encenação do boi atravessou universos simbólicos e míticos, evocando xamãs, seres colossais e guerreiras da mata em busca de cura e proteção da floresta. O espetáculo foi marcado pela trilha sonora autoral, presença de elementos ritualísticos e forte apelo visual e emocional.

A diretora do grupo, Fernanda Souza, comentou sobre o processo criativo. “A escolha do tema está ligada à nossa identidade. O Tira Prosa é um boi de tradição. ‘Amazônia Mãe’ homenageia a floresta, mas também Santa Luzia, padroeira do bairro de onde viemos. Nosso boi é feito com fé, resistência e muito esforço coletivo. E hoje mostramos isso na arena”, disse.

Boi-bumbá Galante

Fundado em 1993 no bairro Zumbi dos Palmares, o Boi Galante é reconhecido por sua emoção e pela proximidade com a comunidade. Neste ano, o grupo trouxe o espetáculo “Amazônia – Terra de Ajurí, flautas e maracás”, que reforça o compromisso com a preservação da Amazônia, unindo povos da floresta e da cidade em uma só missão: cuidar da “casa comum”.

O tema destacou os instrumentos tradicionais das etnias indígenas, flautas e maracás, como símbolos de convocação coletiva. Durante a apresentação, tribos indígenas surgiram em cena como portadoras da sabedoria ancestral, convocando todos os povos a se unirem em defesa da floresta.

Gilson Nascimento, integrante da diretoria, explicou a escolha do enredo. Segundo ele, o tema é um chamado à união. “A preservação não é só responsabilidade dos povos indígenas. Todos que vivem aqui têm que assumir esse compromisso. Por isso, nossos maracás e flautas são um convite à consciência”, destacou.

Programação de hoje (26/07)

O Festival Folclórico do Amazonas continua neste sábado (26/07) com as apresentações dos bois Garanhão, Corre Campo e Brilhante, a partir das 20h no Sambódromo de Manaus. A programação encerra oficialmente a Categoria Ouro e celebra a riqueza das manifestações populares da cultura amazonense.