A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) promoveu, nesta terça-feira (16), uma Audiência Pública para debater a saúde da mulher no Amazonas com o propósito de coletar informações sobre o tratamento e os equipamentos utilizados para prevenção aos cânceres de mama e do colo do útero no Estado.

A iniciativa é coordenada pelos núcleos de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (NUDEM/DPE-AM) e de Defesa da Saúde (NUDESA/DPE-AM). A audiência ocorre depois dos eventos do Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama, onde a Defensoria identificou gargalos em relação ao atendimento do público feminino tanto na capital quanto no interior.

Durante a audiência, a DPE-AM apresentou dados preocupantes sobre o atual cenário que envolve a saúde da mulher, mostrando que em 2020, durante a pandemia, o número de mamografias foi reduzido quase pela metade, sendo realizados no Amazonas apenas 42% de exames.

“Durante o Outubro Rosa surgiram reclamações de dificuldades das mulheres de terem acesso aos exames. Nesta audiência, a Defensoria coletou informações dos órgãos oficiais e, principalmente, ouviu a sociedade civil para que informe quais são esses obstáculos. Desejamos entender a situação dos mamógrafos e das vacinas preventiva do HPV. Diante dessas informações, verificaremos qual procedimento instaurar, se há necessidade de ajuizar alguma ação para garantir que essas mulheres tenham a efetiva resposta da saúde e consigam fazer a mamografia, iniciando seu tratamento”, esclareceu a defensora pública e coordenadora do Nudem, Caroline Braz.

Na audiência, a DPE-AM solicitou informações sobre a quantidade suficiente de mamógrafos para realização de exames preventivos de câncer de mama na capital e no interior. Da mesma forma, requereu o número de técnicos habilitados para operar o equipamento em algumas unidades de saúde do interior do Amazonas, além da eficácia das campanhas de prevenção e o acesso de exames preventivos pelas mulheres para diagnóstico precoce.

A gerente de ginecologia da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (Fcecon), Monica Bandeira de Melo, expôs dados relacionados ao câncer do colo de útero, onde o Amazonas lidera as mortes no Brasil, com taxa 102% da doença maior que a média nacional.

A questão do câncer do colo do útero em nosso Estado é inaceitável, estamos em 2022 e nós temos oficialmente 23 óbitos mensais há décadas. A maioria das nossas mulheres nunca fizeram um exame preventivo na vida e no atestado de óbito não pode constar câncer do colo de útero sem ter o resultado da biopsia. Ao longo destes anos, o Estado está realmente inerte em relação à prevenção da mulher”, afirmou a médica.

A especialista aponta um caminho para mudar este cenário no Amazonas, tendo como base a vacina contra o HPV, a mudança do método de exame preventivo e a disponibilização de mais locais para realizar cirurgia pré-cancerosa.

“O câncer de colo de útero é o único tumor humano que tem sua causa conhecida, que é o vírus HPV, e é 100% evitável. Temos vacina contra o HPV, temos preventivo e uma pequena cirurgia que resolve as inflamações que ocorrem antes do câncer do colo do útero, chamada conização”. Segundo a especialista, esta cirurgia só é feita na Fcecon, sendo fundamental estender este tipo de procedimento para o interior do Amazonas.

“A cirurgia de conização precisa ser realizada em outros lugares, inclusive no interior, pois a maioria das mulheres não se desloca para Manaus por questões financeiras sociais, psicológicas. Elas não têm onde ficar para realizar uma pequena cirurgia que evitará o câncer lá na frente. As vacinas para o HPV também são altamente efetivas para diminuir infecções e as lesões no colo de útero. O exame tradicional de papa nicolau é um método que precisa ser superado por ser de baixa sensibilidade, o preventivo através de Citologia em meio líquido para rastreamento de câncer de colo de útero, é um exame mais seguro e eficaz”, disse Mônica.

Participaram do evento a promotora do Ministério Público Estadual, Claudia Maria Raposo, o diretor-presidente da FCecon, Gerson Mourão, A secretária executiva adjunta de Políticas em Saúde (Seaps), Nayara Maksoud, o coordenador do Programa de Saúde da Floresta da Fundação Amazônia Sustentável, Luiz Castro, o presidente da Rede Feminina de Combate ao Câncer do Amazonas, Marília Muniz Cavalcante Oliveira, a representante do Lar das Marias, Gláucia Maria Oliveira de Souza, o assessor do Primeiro Ofício da Saúde, Leandro Martins de Oliveira, a secretária de Saúde da Mulher, Pedrinha Lasmar Cruz, a representante da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), gerente da Rede Cegonha da Semsa, enfermeira Lúcia Marques de Freitas.

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