África do Sul está vivendo uma nova onda de Covid-19. Com a chegada da variante Delta — a mais transmissível descoberta até agora — o sistema de saúde está colapsando e faltam leitos e oxigênio para os pacientes.

Desde o início da pandemia, há 16 meses, houve mais de 2,1 milhões de casos confirmados no país e mais de 63.000 mortes – tornando-o um dos países mais afetados na região per capita. Em julho de 2020, em comparação, havia 168.000 casos registrados no país, incluindo 2.844 mortes.

Com baixas taxas de vacinação na África do Sul, especialistas em saúde pública esperavam uma nova onda. No entanto, a rápida transmissão da variante Delta, detectada até agora em pelo menos 10 países africanos, extrapolou previsões.

Da África do Sul, o professor brasileiro Túlio de Oliveira, diretor da Kwazulu-Natal Research Innovation and Sequencing Platform (KRISP), que coordena as análises genéticas do vírus no país, alertou que a variante delta, presente em 15 países africanos, “começa a dominar todas as infecções na África”.

“À medida que aumenta a prevalência da variante delta, temos um crescimento muito rápido dos casos (…) e um aumento da mortalidade”, sublinhou o cientista à agência EFE.

 

Vacinação

A terceira onda é agravada sobretudo pela escassez de vacinas no continente, onde chegaram 70,4 milhões de doses e 53,3 milhões foram aplicadas. Isso significa que apenas 1,19% de uma população continental de cerca de 1,3 bilhão de habitantes recebeu o esquema de vacinação completo, de acordo com os últimos dados publicados pelo CDC África.

A África do Sul já administrou vacinas das farmacêuticas Johnson & Johnson e Pfizer em mais de quatro milhões de pessoas – 6,7% da população – e em julho anunciou a aprovação do uso da CoronaVac

O Covax, programa promovido pela OMS para garantir o acesso global e equitativo aos medicamentos, constitui a principal fonte de vacinas para África, e pretende fornecer este ano 520 milhões de doses ao continente.

No entanto, a distribuição de vacinas no continente por meio da Covax parou no final de março, quando o Instituto Serum, na Índia – principal fornecedor de medicamentos da AstraZeneca para o programa da OMS – suspendeu a exportação de vacinas após o início de uma nova e mortal onda da pandemia no gigante asiático.

O continente africano também encontrou outro obstáculo na semana passada, quando entrou em vigor o certificado digital para controle de Covid-19 promovido pela União Europeia, que inclui vacinas aprovadas pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês): Pfizer/BioNTech, Moderna, Janssen e AstraZeneca. A Covishield, versão indiana desta última e a mais utilizada no continente, não foi listada.

Na última semana, especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertaram que os casos sul-africanos representaram mais da metade dos casos de Covid-19 em todo o continente, onde casos cresceram pela sétima semana consecutiva. Apenas no primeiro dia de julho, mais de 21.000 casos foram registrados.

A terceira onda de infecções na África do Sul atinge principalmente a província central de Gauteng, onde ficam Johannesburgo e Pretória, e que responde por quase metade dos casos ativos no país.

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